sábado, 4 de setembro de 2010
Aldeia Perdida
Outro dia, ao ver no Canal Historia (acerca da dinastia de Avis), o que os Portugueses foram em tempos idos, não deixei de verificar que a parte mística de toda a questão não fora nunca levantada pelos comentadores...Acabei de ler há pouco o livro de Paulo Loução "Dos Templários à Nova Demanda do Graal". Como Português que sou, não deixo de sentir o orgulho e uma alegria danada de ter no meu país gente como ele, que aprofunda o tema da nossa história de uma forma consistente e provada afim de dar a conhecer a gente como eu (povinho), o que os nossos antepassados de facto eram, acreditaram, sonharam,realizaram.Mesmo sem querer tocar em política, pois já me enoja toda a que ouço diariamente, não deixo de sentir pena por, culturalmente, nada se dizer acerca da mística por detrás dos feitos dos nossos avós, mesmo estando ela tão presente em tanta coisa. A tomada de Ceuta, o descobrir da costa africana, o caminho marítimo para a Índia etc, teriam sido afinal, e segundo ouvi, uma forma de Portugal ter uma maior acreditação no mundo cristão, ter um status maior como país, agora afastado o receio de cair em mãos de Castela, dar resposta à pressão da burguesia comerciante da época, etc etc...Bom. Nunca fui bom a história, nem sou sequer ninguém para colocar em questão a veracidade ou não de factos revelados por gente que, penso eu, estuda documentos antigos de forma séria. Apenas fico revoltado por - por um não sei quê, de que raio,... terei sempre de reaprender tudo à minha custa mesmo que isso me provoque ânsias diversas... por mais que não seja quererem chamar-me estúpido ou cretino ou outra coisa qualquer...Então mas que raio fez gente como Pessoa, Jaime Cortesão e outros, ( de entre os quais o próprio Paulo Loução) ao arremessar para um patamar tão elevado estes anos áureos do nosso povo?Vamos lá ver uma coisa. Se gente como a que referi faz a alma portuguesa grande como o mundo, então porque é que os actuais "detentores da razão" (e digo isto porque são os que, digamos, chamados à bela da TV e aparecem falando com certezas ABSOLUTAS ), pensam, que essa mesma tarefa foi algo de , digamos, "normalíssimo"???Será que o modernismo se sente ameaçado por gente brilhante como foi aquela da Ordem de Cristo? Afinal estamos agora como o Papa que, por se ver ameaçado por uma estirpe de gente elevadíssima faz hoje acreditar na sexta feira 13 como dia de azar, ao ter ordenado a extinção por morte dos Templários? Muito sinceramente parece-me que sim! Parece-me que, depois de se começar a "comer à conta" dos feitos dessa gente tão especial, o bem estar e o dinheiro falaram mais alto e ditaram a sorte deste país a uma existência cinzenta, sem mística, filosofia, sem sonho nem rumo.Gente especial como Jaime Cortesão ou Fernando Pessoa (ainda há poucos anos ouvi o meu tio,o último dos Gaios, falar de Jaime Cortesão, dizia-me o velhote agora com 92 anos que Cortesão,além de muitas outras coisas, tinha sido uma pessoa que nunca deixou de fazer face a Salazar - grande homem, inteligentíssimo!!! ), pessoas de carácter e personalidade não influenciável por "modas" ou "romantismos" de época alguma, são levados a ter de pensar e reflectir sobre factos os quais eles vislumbram em cada linha que lêem, em cada ponto ou figura. Sabem entender pois são cultos, exploram quando têm dúvidas, e infelizmente são arremessados para longe, ou deles só nos impingem a parte literária "leve", pois para borregos, quanto menos souberem , melhor !Será que estes historiadores nada mais sabem fazer do que relatar "jornalísticamente" o que lêem? É assim tão difícil de pensar que, por detrás disso tudo teria de haver uma razão "outra" que não o simples facto de "ser normal" a nossa expansão? Um dia um Infante acordou e lembrou-se - temos de navegar para outras terras, porque? Pois, porque me apetece...- . Normal porque??Será que não interessa dar a devida importância ao que nos levou a ser praticamente donos do mundo? Não daria essa revelação identidade a um povo que se sente cada vez mais cinzento e aculturado? No meio de uma Europa cinza e, por sua vez cada vez menos Europeia? Isso retira protagonismo aos políticos de há 300 anos a esta parte? - O problema, quanto a mim, é que sempre o tirou... Comparar perfume com esterco não resulta ...Para já, o que me parece mesmo é que o povo é muito mais sereno com comprimidos de novelas do que com temas de interesse nacional em horário nobre... já não falando de que, para se ver algo da nossa história em televisão, é necessário ligar o canal 2 aos fins de semana para ver o pobre José H.Saraiva a "falar sozinho" (atenção , eu adoro esse homem!!!), e vejo o programa...ou então tenho de ligar o Canal História e esperar que num ou outro mês lá haja um programa de realização Franciú ou Espanhola (já não digo Americana) , para saber que, afinal o meu país também tem história...mas, quanto a mim é "História de Superfície" e , precisamente por isso, não "passa". Futebol e quadraturas enchem o ar de cinismo e parvoíçe. A "janela para o mundo" tem ambição de estupidificar em vez de cimentar,unir,clarificar,ensinar. O dinheiro e a ambição de gente que nem adjectivo encontro fará com que acabemos por perder toda a nossa identidade!E continuo : Terão (ou teremos) vergonha dos nossos antepassados e do que eles seguiam, acreditavam, sentiam, imaginavam??? Alguma vez teremos a certeza do que eles sabiam?Teriam sido gente louca? Sim. Será que essa gente se fez ao mar e teve "montanhas de sorte"?Terei eu de ouvir ainda por muito tempo o ódio do Brasileiro médio face ao colonizador português e ao português de hoje? ( desinformação e afastamento da razão é o que temos hoje em dia. Os povos da aldeia global tão bem iniciada por NÓS encontram-se agora num deambular de ideias sem nexo algum e numa sociedade tão mal arquitectada como mal arquitectada é a informação que se lhes dá a comer).Bom, o problema é que tenho dois filhos adolescentes. Como todos os outros "putos" estão-se bem a borrifar para a história do nosso país, até que, como o pai é um "desencarnado" desta sociedade político auto-propagandista e narcisista, resolve contar-lhes partes de passagens de livros que lê. Resultado : olhos esbugalhados, perguntas e mais questões, opiniões etc etc...Ou seja:Existe, quanto a mim, uma necessidade extrema, urgente, de que o Português tenha conhecimento do sentido místico (ou de pelo menos algum) da sua história. Estes argumentos são de importância extrema para que haja um compromisso comum como "Povo" fazendo assim crer que somos nós os portugueses vivos que devemos -temos obrigação - de repensar Portugal para uma nova vida e futuro. Este povo, conduzido com a verdade e ávido de verdade será crítico de si mesmo e concluirá que como antes, é capaz agora de ser de novo Lusitano, sonhador,sábio e terrivelmente sagaz na busca daquilo que, desde o início abraçou. Existe necessidade de que o Português de hoje se conheça a si próprio melhor do que "ontem", visto haver agora "mais informação provada" daquilo que fomos - condição FUNDAMENTAL para saber-mos o que , afinal, queremos SER !!!
Obrigado Paulo
MS